Quais são os tipos de crise epiléptica?

Entenda como a doença pode se manifestar e saiba identificar as diversas crises de epilepsia

A epilepsia pode se manifestar de formas variadas e entendê-las é fundamental para que cada caso receba o tratamento adequado. Basicamente, podemos dizer que os tipos de crise epiléptica têm relação com a extensão da rede cerebral   afetada pela doença, e são divididos em:

  • crises focais: quando começam em uma região específica de um lado do  cérebro;
  • crises generalizadas: quando a epilepsia atinge os dois lados do cérebro e, portanto, um número maior de células nervosas.

Crises epilépticas focais

Sabemos que o computador é uma máquina com diferentes componentes, essenciais para o seu funcionamento. Mas o uso desse equipamento fica comprometido quando alguma dessas partes apresenta defeito. 

Um curto-circuito na placa de vídeo vai prejudicar nossa experiência visual. Problema na placa de som? Corremos o risco de ficar sem áudio. Com o cérebro é mais ou menos assim também.

Nas crises epilépticas focais, os sintomas variam de acordo com a região cerebral em que se iniciam. Quando atingem uma área motora do cérebro, podem provocar contrações repetitivas dos músculos de uma parte do corpo. Por outro lado, se a crise atinge regiões cerebrais relacionadas aos sentidos, o paciente epiléptico pode sentir alterações na visão, audição ou paladar, por exemplo. 

Já no caso de uma crise focal disperceptiva, o paciente parece ficar fora do ar. Os sintomas são graduais: começam com desconforto no estômago, sensação de medo e de déjà vu – quando a pessoa sente que já viveu aquela situação antes. 

Em seguida, o paciente se desconecta momentaneamente da realidade e, durante esse lapso, chega a andar, executar movimentos – mas depois não se lembrará do que fez. 

Crises generalizadas

Agora imagine que aquele problema no computador que começou na placa de vídeo provocou um curto-circuito geral no sistema da sua máquina. A falha que estava restrita a um compartimento passou a ser geral. 

A mesma coisa também pode ocorrer com a epilepsia que começa com crises focais, se espalham por outras áreas cerebrais e tornam-se crises generalizadas. Também há casos em que a epilepsia surge já nos dois lados do cérebro. 

Vale lembrar que a epilepsia desregula e exagera os impulsos elétricos entre as células nervosas. Nas crises generalizadas, o número de neurônios afetados por essa “descarga” é maior do que nas crises focais. 

É por isso que, nesses casos, é comum o paciente perder a consciência e apresentar espasmos musculares mais duradouros, como nas crises convulsivas.

Entre as crises epilépticas generalizadas, temos: 

Crise tônico-clônica: é o tipo mais associado ao quadro de epilepsia. Também conhecida como grande mal, provoca a perda súbita da consciência, o enrijecimento dos músculos e espasmos. As crises duram em média dois minutos, mas a recuperação do paciente pode levar algumas horas.

Crise de ausência: normalmente é abrupta, costuma durar menos de 30 segundos e pode acontecer diversas vezes ao dia. Conhecida também como pequeno mal, é comum ser confundida com déficit de atenção, pois durante a crise o paciente mantém o olhar vago, alheio ao que acontece ao redor. Atinge principalmente crianças.

Crise de mioclonias: também são crises rápidas. Os pacientes perdem a consciência por frações de segundo e nem chegam a perceber que apagaram momentaneamente. Os sintomas são pequenos “choques” e tremores, geralmente nos braços, mas que podem ser intensos a ponto de a pessoa deixar cair objetos.

Dra. Daniela Bezerra
RQE nº 75867 - CRM 109823
• Neurologista infantil

“O olhar mais aprofundado e diferenciado para essa patologia é muito importante para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e cuidadores. Não adianta só trabalhar a crise, é preciso trabalhar um contexto. São abordagens diversas, de diagnóstico, escuta, tratamento. A informação faz parte do empoderamento e de suas famílias.” Graduada em Medicina pela Universidade Severino Sombra (2002). Possui formação em Pediatria e Neurologia Infantil pela Faculdade de Medicina do ABC, onde atualmente é Médica afiliada do Departamento de Neurociências e Coordenadora do Ambulatório de Epilepsia Infantil, especializado em epilepsia de difícil controle com abordagem em dieta Cetogênica, avaliação cirúrgica e neuromodulação.

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