Epilepsia fotossensível: o que é e como identificar

Saiba quais são as situações que costumam ser gatilho para crises em pessoas com fotossensibilidade
Epilepsia fotossensível - Portal da Epilepsia

A epilepsia fotossensível está presente em cerca de 3% das pessoas com epilepsia. Para quem tem fotossensibilidade, algumas situações corriqueiras podem apresentar gatilhos para crises, como ir ao cinema, a uma festa, assistir à TV ou jogar videogame.

Neste artigo, você vai entender que é a epilepsia fotossensível e conferir alguns cuidados que os portadores dessa condição devem tomar para evitar a exposição aos fatores desencadeantes mais comuns.

O que é a epilepsia fotossensível?

A epilepsia fotossensível é um tipo de epilepsia reflexa, o que significa que a crise é desencadeada por um estímulo externo. Em outros casos, alterações de padrões luminosos podem contribuir como um gatilho para crises em pacientes com outros tipos de epilepsia, como na epilepsia mioclônica juvenil. No caso da fotossensibilidade, os gatilhos envolvem frequências rápidas de luz intermitente, oscilação de cores contrastantes e alguns padrões visuais.

É comum que uma pessoa descubra que possui epilepsia após uma crise desencadeada pela fotossensibilidade. Apesar de esse ser um gatilho importante, vale ressaltar que as pessoas também podem apresentar crises na ausência desse estímulo. 

Isso porque a uma epilepsia fotossensível pura, ou seja, causada exclusivamente por estímulos de luz é rara. Normalmente, a fotossensibilidade é uma condição presente em pacientes que acabam sendo diagnosticados com outros tipos de epilepsia.

Quando ela se manifesta?

Existem alguns tipos de epilepsia que possuem uma associação mais frequente à fotossensibilidade, como a epilepsia mioclônica juvenil e as epilepsias occipitais. Há casos, como na síndrome de Jeavons, em que a fotossensibilidade pode desencadear crises de ausência e desvio de pálpebras já em crianças de 5 a 8 anos de idade.

Porém, o mais comum é que a a epilepsia fotossensível comece a se manifestar na puberdade, entre os 10 e 15 anos, com prevalência entre indivíduos do sexo feminino. 

Como saber se alguém tem epilepsia fotossensível

Sintomas

Os sintomas da epilepsia fotossensível são os mesmos de qualquer tipo de epilepsia, ou seja, começam com uma crise de epilepsia.

Normalmente, as crises de epilepsia fotossensível são do tipo generalizada, ou seja, podem ser crises tônico-clônicas (convulsivas), crises de ausência ou crises de mioclonias (pequenos choques ou “sustinhos”).

Diagnóstico

O diagnóstico da epilepsia é feito a partir do histórico do paciente, da descrição das crises e de exames como o eletroencefalograma.

É de grande ajuda levar à consulta pessoas que presenciaram a crise para uma descrição mais detalhada de como ela ocorreu. Além disso, é importante relatar com detalhes o ambiente e a situação da pessoa durante a crise. 

Normalmente, crises de epilepsia fotossensível ocorrem imediatamente após a exposição ao gatilho, o que torna mais fácil o seu diagnóstico. É possível, inclusive, realizar testes com estímulos luminosos durante o exame de eletroencefalograma.

Tratamento

O tratamento da epilepsia fotossensível costuma ser medicamentoso e vai de acordo com o tipo de epilepsia à qual essa condição está associada. 

Além disso, é recomendado que a pessoa evite se expor a situações que trazem gatilhos de fotossensibilidade. A seguir, você confere as mais comuns.

Epilepsia fotossensível: gatilhos mais comuns

  • Observar padrões geométricos em movimento: olhar para a escada rolante que sobe, observar listras em preto e branco se movendo ou mesmo contemplar a sombra de folhas ao vento são atividades que podem desencadear crises.
  • Jogar vídeo game por longos períodos: devido ao alto estímulo visual, jogar videogame por longos períodos pode facilitar o desencadeamento de crises. Fique atento às recomendações dos fabricantes.
  • Assistir a cenas de filmes com luzes e cores intermitentes: muitos filmes apostam em cenas com cores e luzes intermitentes com o objetivo de estimular ou desorientar o espectador — especialmente animações, filmes de terror e de ação. A dica é se preparar antes de ir ao cinema: procure saber se há recomendações específicas para pessoas com fotossensibilidade ou peça que outra pessoa assista ao filme com atenção a esses detalhes antes de você.
  • Olhar diretamente para o reflexo do Sol: o reflexo que “dá ar” em vidros ou objetos de metal devem ser evitados.
  • Estar em um ambiente com luz intermitente: lâmpadas estroboscópicas de casas noturnas, lâmpadas de LED falhando (acende e apaga) ou mesmo a luz de uma ambulância podem ser fatores desencadeantes. 
  • Assistir à TV em algumas situações específicas: assistir à TV muito de perto, em um ambiente totalmente escuro ou deixá-la com a exibição embaralhada, como ficavam as TVs antigas fora do ar, pode desencadear crises. Uma medida que ajuda é sempre assistir à TV com as luzes acesas e, assim, diminuir o contraste visual de possíveis cenas desencadeantes.

Além de evitar esses gatilhos, é importante que a pessoa mantenha um estilo de vida equilibrado para evitar outros gatilhos para crises epilépticas, como o uso de álcool, a privação de sono e o uso inadequado de medicamentos.

Dra. Isabella D'Andrea Meira
RQE nº 38615 / 38616 - CRM 62695
• Neurologista
• Neurofisiologista

“A informação é uma ferramenta essencial na luta contra a doença e o estigma que afeta a vida de milhares de pessoas com epilepsia. Contribuir com informação de qualidade para quem tem interesse no tema foi um dos principais objetivos deste site. Poder ajudar as pessoas a terem conhecimento dos principais tratamentos de uma forma simples e clara possibilita a busca por um melhor tratamento individualizado e para uma boa qualidade de vida.”
Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro com Residência Médica em Neurologia pela UFRJ. É Mestre em Neurociências pela Universidade Federal de São Paulo. Possui Doutorado em Epilepsia pela UFRJ. Obteve Título de Especialista em Neurologia e em Neurofisiologia Clínica. Coordena o Centro de Epilepsia do Instituto do Instituto do Cérebro Paulo Niemeyer, é professora da Universidade Federal Fluminense, Presidente da Regional do Rio de Janeiro da Academia Brasileira de Neurologia (ABN-RJ).

Atendimento:
CEMR Diagnóstico em Neurologia
Rua Gavião Peixoto, 148/905
Niterói / RJ

(21) 96608-2540