O diagnóstico e o acompanhamento da epilepsia geralmente envolvem uma série de exames e testes, que podem incluir:
1. Diagnóstico Clínico
O diagnóstico de Epilepsia é clínico, feito pelo médico a partir da descrição feita pela pessoa dos seus sintomas.
Outras pessoas, familiares e amigos que já viram a pessoa apresentando crises devem ir à consulta para explicar o que acontece durante a crise.
As crises podem levar à alteração da consciência, completa ou parcial, e portanto alguém relatar tudo ou complementar o que aconteceu é fundamental.
Filmar as crises com celular ajuda muito a entender o tipo de crise e diagnóstico. Apesar de ser uma situação estressante, peça para quem vê as crises que filme e leve à consulta médica.
2. Eletroencefalograma
O eletroencefalograma é um exame importante em Epilepsia pois avalia a atividade elétrica cerebral.
Podem ser vistas alterações epileptiformes, o “foco”, durante o exame, que acontecem fora das crises e ajudam a confirmar o diagnóstico.
É incomum conseguir registrar a crise durante um eletroencefalograma habitual, mas isso não impede o diagnóstico, pois o objetivo principal é ver a atividade epileptiforme.
Durante o exame, podem ser feitas algumas ativações, que ajudam a provocar o aparecimento de alterações. As mais comuns são respirar profundamente e rápido (hiperpneia) e estímulos luminosos (fotoestimulação intermitente).
Dormir pouco na noite anterior e ir para o exame com sono é importante, para que seja possível gravar parte do exame dormindo.
Durante o sono podem ser vistas alterações que não acontecem com a pessoa acordada.
O eletroencefalograma pode não “pegar” as alterações, e repetir o exame, principalmente fazendo privação de sono e conseguindo dormir durante aumenta a chance.
O exame de eletroencefalograma deve ter duração de pelo menos 20 minutos. Quanto mais longo, maior a chance de conseguir pegar as alterações.
Algumas pessoas com Epilepsia não apresentam alteração no eletroencefalograma e isso não quer dizer que o diagnóstico esteja errado. Por vezes o “foco” pode ser profundo, pouco ativo e nunca ser visto, sendo observadas alterações somente durante a crise.
3. Exames de sangue
Os exames de sangue são importantes na avaliação das crises.
Depois de uma primeira crise são obrigatórios, para investigar se existe alguma alteração que causou as crises.
Alterações como infecção, desidratação, alteração da glicose, dos elementos do sangue como o sódio, funcionamento renal ou hepático, podem ser detectadas pelos exames de sangue.
Em pessoas que já tem diagnóstico de Epilepsia os exames de sangue em geral ajudam a avaliar se o tratamento está indo bem, sem efeitos colaterais, e devem ser feitos periodicamente, de acordo com o tipo de medicação e sob orientação médica.
Em alguns casos, a dosagem do medicamento no sangue, conhecido como “nível sérico” pode ser importante e ajudar no tratamento e acompanhamento.
4. Exame de Imagem Cerebral
Um exame de imagem cerebral é importante e deve ser feito na maioria dos pacientes com Epilepsia para investigar a causa.
Ele é importante no início para identificar se existe uma lesão cerebral que esteja causando as crises, principalmente alterações graves como sangramentos, tumores.
A tomografia ajuda muito a investigar as causas mais graves e em geral é o exame mais realizado no pronto socorro.
A tomografia não precisa ser repetida todas as vezes que a pessoa tem uma nova crise, se o diagnóstico de Epilepsia já foi feito e já realizou uma tomografia ou ressonância antes, exceto se houve um traumatismo de crânio, a pessoa não voltou ao normal ou exista algum sinal de alarme na avaliação médica.
Repetir tomografia em todas crises leva a uma exposição excessiva à radiação e tem riscos.
A Ressonância de crânio é um exame que permite uma avaliação mais completa que a tomografia. É um exame importante para diagnosticar lesões mais sutis, principalmente em crises de início focal e que não estão melhorando com o tratamento.
Em alguns tipos de Epilepsia, por exemplo nas generalizadas, como a Epilepsia de Ausência da Infância, Ausência Juvenil e Epilepsia Mioclônica Juvenil, o exame de imagem pode ser dispensado quando existe quadro clínico típico e eletroencefalograma alterado.
5. Videoeletroencefalograma
O videoeletroencefalograma (vídeoEEG) é um exame em que a pessoa tem os “fios” eletrodos colocados na cabeça como no eletroencefalograma e também é registrado o vídeo de forma sincronizada. Isso permite ver a relação entre a a atividade elétrica cerebral e o comportamento da pessoa.
O vídeoEEG ajuda na investigação de pacientes que tem eventos em que não ficou claro a causa, se são crises epilépticas ou outras alterações.
Também ajuda em pessoas que tem diagnóstico de Epilepsia a avaliar se as alterações são mais frequentes do que são percebidas pela pessoa ou familiares, tanto as “descargas” quanto as crises.
O vídeoEEG é importante em pessoas com Epilepsia que continuam a ter crises mesmo com o tratamento com medicações, para avaliar se o diagnóstico está correto e quais opções de tratamento poderão ser feitas para ajudar no tratamento.
O vídeoEEG é realizado de forma prolongada, de acordo com o objetivo da avaliação, por vezes com redução das medicações para facilitar o aparecimento das “descargas” e crises durante o exame. Mas isso deve ser feito sob orientação de um neurologista, de preferência um especialista em Epilepsia.
O tipo e a frequência dos exames dependem da gravidade e do tipo de epilepsia, bem como da idade da pessoa. O médico pode solicitar outros exames e testes, conforme necessário. É importante seguir as recomendações do médico e realizar todos os exames prescritos para garantir um diagnóstico e tratamento adequados da epilepsia.
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