O que o canabidiol (CBD) tem a ver com a epilepsia?

Saiba quais são os benefícios e como a substância pode atuar no tratamento da epilepsia farmacorresistente

Os relatos sobre uso medicinal da maconha são muito antigos, com registros que datam do ano 2700 a.C, na China. Já a relação entre o canabidiol, uma de suas substâncias ativas, e a epilepsia aparece no século XIX, na Inglaterra. 

Naquela época, William Richard Gowers já fazia o tratamento com cannabis para a doença, mas somente nos últimos anos o assunto voltou a ganhar força.

O que é o canabidiol?

O canabidiol (CBD) é uma das substâncias ativas presentes na planta Cannabis sativa, conhecida popularmente no Brasil como maconha. O CBD e o THC (tetraidrocanabinol) são as substâncias mais conhecidas e estudadas derivadas da Cannabis

Ambas vêm sendo estudadas e utilizadas em diversas condições neurológicas. O CBD, diferentemente do THC, não causa dependência ou tem efeitos psicoativos.

Como tratar epilepsia com canabidiol?

Nos últimos anos, diversas pesquisas sobre o papel do canabidiol (CBD) para o tratamento das epilepsias foram realizadas, especialmente para aquelas de difícil controle (epilepsia farmacorresistente). 

O destaque vai para os estudos realizados em pacientes com Síndrome de Dravet e Síndrome de Lennox-Gastaut, caracterizadas por tipos variados de crises, de difícil controle, associadas a um grande impacto na vida dessas pessoas.

Os estudos mostraram uma redução significativa no número de crises destes pacientes e um bom padrão de segurança. A partir desses resultados, o canabidiol (CBD) foi aprovado para uso em diversos países. 

Mais recentemente estudos também demonstraram a eficácia em pacientes com esclerose tuberosa.

O canabidiol pode ser usado no tratamento de qualquer tipo de epilepsia?

O CBD é indicado atualmente para pacientes com epilepsia farmacorresistente como tratamento adjuvante, ou seja, usado junto com outros medicamentos. 

Em outras palavras, para pessoas que permanecem com crises, mesmo utilizando medicações adequadas e de forma correta, o CBD pode ser uma opção terapêutica que precisa ser avaliada cuidadosamente pelo médico assistente, e decidida caso a caso. 

Qual é a regulamentação brasileira para o uso do canabidiol?

No Brasil, desde 2015 há uma autorização por parte da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a importação de produtos à base de Cannabis que contenham CBD. 

Já em março de 2021, entrou em vigor uma nova regulamentação, permitindo a venda em farmácia de produtos à base de Cannabis para fins medicinais, mediante prescrição médica em receituário adequado. A prescrição deve ser feita em receituário B (receita azul) ou receituário A (receita amarela) dependendo da quantidade de THC presente no produto.

O conhecimento sobre o papel do CBD vem aumentando, assim como a sua utilização, mas muitas perguntas ainda restam e estudos são necessários. Converse com seu médico se essa pode ser uma opção para seu tratamento.

Quer saber mais detalhes sobre a regulamentação do CBD no Brasil? 

Deixamos aqui a Resolução da ANVISA (RDC 327/2019) na íntegra: http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/5533192/RDC_327_2019_.pdf

Dr. Lecio Figueira Pinto
RQE nº 48041 - CRM 110924
• Neurologista
• Neurofisiologista


“A epilepsia manifesta-se de diferentes formas e possui abordagens diversas. Nossa principal motivação é ajudar pessoas a cuidar da doença, tratar das crises, ter mais qualidade de vida. É uma doença como outra qualquer e precisa ser encarada sem preconceito.”
Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (2003), Residência Médica em Neurologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2006), Especialização em Neurofisiologia Clínica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2007), Estágio de Complementação Especializada em Epilepsia pelo Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2008).
É doutor pelo programa de pós-graduação de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2013). Neurologista no Hospital Samaritano – SP (2007 até presente), Médico Assistente da Divisão de Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas - FMUSP (2009 até o presente), integrando os grupos de Emergências Neurológicas e Epilepsia (2014 até o presente). Coordenador do Ambulatório de Epilepsia do Hospital das Clínicas - FMUSP (2015 até o presente).

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