Muito conhecida entre os adeptos da vida fitness por auxiliar na perda de peso, a dieta cetogênica foi curiosamente criada para tratar a epilepsia, em 1921. Trata-se de um padrão de alimentação rico em gorduras, restrito em carboidratos e adequado em quantidade de proteínas.
Ao diminuir ou até mesmo cortar a ingestão de carboidratos, o corpo simula um estado metabólico de jejum tendo as gorduras como fonte de energia alternativa. Essa queima de gordura produz as chamadas cetonas ou corpos cetônicos e os efeitos dessa troca de fonte de energia, do carboidrato para a gordura, favorece o controle das crises epilépticas.
O que posso comer em uma dieta cetogênica para epilepsia de difícil controle?
A dieta cetogênica é rica em gorduras, adequada em proteínas e pobre em carboidratos. A proporção de macronutrientes pode variar, podendo ser de quatro gramas de gordura para cada um grama de carboidrato e um grama de proteína (4:1). Para o tratamento da epilepsia de difícil controle, essas proporções podem ser diferentes (3:1, 2:1 e 1:1).
Por essa razão, tanto o cardápio quanto as etapas da dieta cetogênica no tratamento da epilepsia são individualizados e devem ser orientados conjuntamente por um nutricionista e um neurologista, levando em consideração peso, altura, faixa etária, estado nutricional e outros aspectos do paciente.
A dieta cetogênica é indicada para qualquer tipo de epilepsia?
A dieta cetogênica é recomendada para pacientes com epilepsia de difícil controle medicamentoso, ou seja, que já estão sendo tratados com dois ou mais medicamentos, mas continuam tendo crises epilépticas com frequência.
Estima-se que 30% das pessoas com epilepsia fazem parte desse perfil. Vale ressaltar que, durante o tratamento, o paciente continua com as medicações que já estava tomando.
Qual é a eficácia da dieta cetogênica como tratamento da epilepsia?
De 30% a 40% dos casos, a dieta cetogênica é capaz de reduzir as crises em 90%.
Os resultados podem ser observados nos primeiros três meses de tratamento. Caso o paciente não responda da maneira esperada, a dieta pode ser descontinuada.
Existem efeitos colaterais da dieta cetogênica para epilepsia?
Existem efeitos colaterais a curto prazo como hipoglicemia, alterações gastrointestinais (que são as mais frequentes), mas que na maioria das vezes são leves e passam com a adaptação da dieta. Os efeitos colaterais a longo prazo envolvem uma alteração dos níveis de colesterol e triglicérides, sendo a alteração mais comum ocorrendo em até 60% dos pacientes.
Quais são os tipos de dieta cetogênica?
Cetogênica Clássica – Geralmente indicada para crianças e adolescentes, é uma variação mais restritiva da dieta e funciona como tratamento em casos que requerem controle rápido das crises epilépticas. Os alimentos são porcionados em gramas e por isso devem ser pesados em balança específica. A proporção é de 90% de gordura, 6% de proteína e 4% de carboidrato.
Dieta de Atkins Modificada – É mais flexível que a cetogênica clássica, pois permite que as porções sejam calculadas em medidas caseiras (colher de sopa, copo americano), o que também a torna mais acessível. A proporção é de 65% de gordura, 30% de proteína e 5% de carboidrato.
Dieta de Baixo Índice Glicêmico – A proporção é de 60% de gordura, 28% de proteína e 12% de carboidrato. Apesar de estarem em maior proporção na comparação com outras dietas, os carboidratos ingeridos devem ter baixo índice glicêmico.
Comente